24.11.08

o meteoro


Após a hecatombe
e a subsequente extinção de 90% das espécies vivas da Terra
(incluindo a quase totalidade dos dinossauros)
vislumbro, através da poeira que assenta,
a cratera recentemente aberta
no peito.

Munida de regador, minhas ferramentas de jardinagem
e um saquinho de sementes,
devidamente protegida do sol por um chapéu de abas largas
e calçada com grossas luvas,
ponho as mãos à obra:
bem aproveitado, o vasto campo dará um belo gramado
polvilhado de dentes-de-leão
e colorido de marias-sem-vergonha.

Foto: Bucknell University

= = =

Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

- Drummond

Nenhum comentário: