Largada no colchão, sonhando com tubarões e crocodilos, ela dorme a sono solto — sem perceber que o fio d’água que escorre da torneira (da cozinha? ou do banheiro?) se acumula na pia, transborda e empoça. E escorre mansa pelo chão, inundando lentamente banheiro, corredor, quarto, acumula-se ao redor do colchão, agora transformado em ilha, e põe-no a flutuar, virado então em jangada.
O colchão-jangada desce a correnteza levando-a inconsciente, quase encalha na porta da cozinha, mas passa com um solavanco; até que, na pequena área de serviço, desaparece com o aguaceiro pelo ralo sem tampa perto da porta.
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