3.3.07

ó alice


vivi a vida toda trancada no meu mundinho (de alice) justamente pra não ter que passar por isso. não ter que encarar. lidar com as neuroses alheias, além das minhas próprias, dá um trabalho danado, e ainda por cima dói. mas aí alice me escorraçou de lá pra fora, e aí mifu.

hoje não consegui abrir a minha boca pra falar coisas que precisava dizer. (...) o mais fácil pra mim foi chorar. que é o que eu tenho feito abundantemente quando as palavras se recusam. quando não sei como faço pra me colocar, (...) eu calo.

ao mesmo tempo, (...) nada de cavar meu próprio poço, senão já viu. nem de cavar meu próprio fosso - aquele, cheio de jacarés que vão comer quem tentar chegar perto -, que é pior.

às vezes dá no saco, às vezes é tão difícil, às vezes dá a impressão de que não vai dar, não tem jeito, caput.

(...)

incrível como o outro nunca pergunta exatamente o que eu gostaria que perguntasse. saco, saco ser pisciana, é tudo tão pra dentro sempre, tão aidemim. pior: tem sempre um mas. pisam no meu pé, eu grito por dentro "C******!!!!", mas aí vem o mas: ih, olha, pisou no meu pé mas nem foi por querer, foi porque eu entrei de repente e confundiu o meu pé com uma barata cascuda. e tudo o que eu consigo dizer é (ui.) - e, se duvidar, ainda levo bronca por ter o pé baratesco.

(...)

quando eu falo nem sempre sou ouvida como gostaria. quando não falo, aí é que não sou ouvida mesmo. pensando bem, não é tão difícil assim de entender. duro é botar em prática.

juro que hoje não acordei assim, mas depois fiquei truncada. e fez um dia tão bonito.

tô com fome, mas a boca não abre nem pra isso.

= = =
ilustração: "some days i remember somethings i forget", kurt halsey

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