10.3.07

narciso

Meu corpo se cala à espera
de que minha matéria submersa
aflore

Meus ossos projetam
suas sombras magras nos degraus
estreitos

Minha carne suspensa
ofega
minhas vísceras azuis
expostas
(flutuam na lama espessa)

Por expectativa

as folhas mesmas silenciam
e as nuvens

Maquio meu rosto à espreita
de ver se o avisto
no espelho

Respiro
normalmente

Rabisco os cantos da pele,
grafite indecifrável –
(abraço meu berço)
como passatempo

Lagartas se arrastando nos galhos imóveis,
a vida transcorre
com calma
e ganha forma
e força.

= = =

ilustração: alyssa monks, "liquid"

descobri aqui.

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