do prisma do prédio me chegam os ruídos dos vizinhos. no ar fresco dessa hora, o som de um chuveiro me sugere que só pode ser um duende noturno que acaba de chegar do seu trabalho nas minas do fundo de uma montanha qualquer e prepara-se para deitar-se e dormir o sono dos justos antes que o sol nasça e lhe fira os olhos de lêmure.
ou talvez seja um elfo de orelhas e asas pontudas e transparentes, preparando-se para sua longa viagem matutina para o horizonte leste, onde abrirá os portões para a aurora.
quando tomar meu café termino de espantar os restos de sono dos ouvidos.
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ok, a parte da lagartona pode ter sido influência do conto do Leitor (que volta e meia dá uma de autor agora, mas não quero entrar na seara das discussões sobre a autoria dos leitores em geral) ou, quem sabe, da "alice comentada" que ganhei de natal e li em janeiro.
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daí, fui procurar a ilustração original do tenniel à esquerda e me deparei com a outra ilustração ("desenho de conceito - lagarta fumante"), no flickr do d'araújo, que atende pelo sugestivo título de "cancer de boca". uma coisa fabulosa.
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sim, tenho um estóico e admirável vizinho(a) que todos os dias, faça chuva ou faça sol, toma banho pontualmente às cinco e vinte da manhã. mesmo no carnaval, mesmo na quarta-feira de cinzas. desconfio que seja a síndica, cujo nome ainda desconheço (mesmo morando há dez meses no prédio) e que mora no quinto andar. é uma boa síndica, o prédio é bem cuidado e ela não enche o saco. um outro vizinho(a) passa um aspirador barulhento na casa todo santo dia às sete e meia. mesmo no carnaval. mesmo na quarta-feira de cinzas. não sei se é a síndica, tem mais pinta de ser a senhora neurótica do 205. haja saco.
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