16.12.08

larguei a mala quadrada e dura junto à porta pra catar a chave no bolso da saia

Larguei a mala quadrada e dura junto à porta pra catar a chave no bolso da saia. Girou com dificuldade na fechadura. Dei com uma salinha vazia, de piso gasto; botei a mala pra dentro e meus passos soavam meio ocos. Parecia que as paredes me espiavam.
Fechei a porta atrás de mim.
E senti que meus ouvidos se tampavam, como se uma pressão enorme – um barômetro ali teria estourado. Meio surda, percorri o apartamento, olhando tudo de longe; os olhos embaçados como se estivesse embaixo d’água, a atmosfera semilíquida difícil de respirar (com minhas guelras ainda tão incipientes). Não lembro nada do que vi.
Seis minutos depois, estava esgotada. Me arrastei até o colchão imundo no quarto e apaguei.
Dormi três dias seguidos.

O apartamento me olhava espantado.

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