O espelho me mostra um rosto que mal reconheço como sendo meu. Vejo olhos, nariz, boca; queixo, bochechas, testa. Sardas. Sobrancelhas, separadas por um vinco de incompreensão. Por mais que me esforce, as peças não formam um todo. Não consigo uma visão geral. Tudo me é estranho, embora vagamente familiar. Uma revoada de interrogações, como uma nuvem de gafanhotos devorando tudo o que encontram pela frente: plantações inteiras, florestas, bibliotecas, carros, casas, interferindo nos radares e sistemas de controle de vôo dos aeroportos e provocando desastres, quedas de aeronaves com explosões em série e centenas de mortos – agito as mãos à frente da cara para espantá-las.
Mas toda esta sofreguidão, o sentimento arquejante de urgência. Preciso decifrar o enigma deste rosto que me olha do espelho, à espera de ser visto.
Um comentário:
Que seu Ano Novo seja regado de muita
Veuve Clicquot Ponsardin, muita fartura e felicidades o Ano Inteiro!
Besos e até 2009!!!!
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