12.9.06

degelo II


Degelo
Não sei por que
este cheiro teimoso de terra molhada
que não passa,
esta umidade de barro nos pés
– vou tomar banho, tiro as meias
e estão cheias de lama –
o cabelo melado de orvalho.
Esta sensação de amanhecer
que não entendo, a sensação
de estar cercada por uma revoada
de borboletas,
não sei por que.

E o meu corpo ainda cortado ao meio
(recompondo-se, mas ainda cortado ao meio),
este formigamento,
esta sonolência.

Aninhada no meu casulo,
sonhando com sementes,
dentes-de-leão
e primaveras,
não entendo,
só espero.

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